A utilização de dietas com maiores proporções de concentrado (ração) tem se tornado economicamente viável, pois apresentam melhores respostas em ganho de peso e produção animal, menores custos com mão de obra e aumento na rentabilidade do sistema (OLIVEIRA; RIGO 2012). Porém, segundo Noronha- Filho o consumo excessivo de concentrados (carboidratos altamente fermentescíveis) pode acarretar em distúrbios no animal, como é o caso da acidose ruminal, sendo esta considerada a desordem metabólica mais comum em confinamentos bovinos e em vacas leiteiras de alta produção (CARVALHO, 2014).
A Reagro (2005), define a acidose ruminal como a adição e acúmulo em excesso de ácidos e posteriormente a queda do pH ruminal. Este distúrbio geralmente está relacionado com uma adaptação inadequada, ou mesmo inexistente, quando se faz a alteração na proporção de concentrado e volumoso (forragem) da dieta.
Os animais submetidos em condições de estresse térmico, ou seja, fortes oscilações de temperatura, também apresentam maiores riscos de acidose ruminal. Isso ocorre devido a menor atividade de ruminação e capacidade de tamponamento reduzida pela saliva, bem como a ineficiência em manter o pH ruminal em níveis ótimos(STAPLES, 2009).
A manutenção do pH do líquido ruminal em níveis considerados ótimos (entre 6,0 e 7,0) garantem o desenvolvimento de forma adequada dos microrganismos ruminais (VAN SOEST, 1982 apud. OLIVEIRA at al. 2013). Portanto, faixas de pH diferentes do ideal além de interferir na degradação dos alimentos, pode levar a morte de certos grupos de bactérias e, deste modo, prejudica o desempenho do animal.
BeefPoint (2002), relata que os prejuízos causados pela acidose ruminal nos animais, vão desde a queda no desempenho animal, devido à diminuição no consumo de matéria seca, até a absorção de nutrientes pela parede do rúmen. Para evitar este quadro nos animais, uma das medidas utilizadas é o uso de substâncias tamponantes em rações que apresentam alta proporção de concentrados, pois ajuda a manter o pH do rúmen constante, favorecendo crescimento microbiano, melhorando a digestão da fibra e o desempenho do animal (SANTRA et al. 2002 apud. GASTALDELLO–JUNIOR et al. 2010). No entanto, rações extrusadas com inclusão de fibras têm se mostrado eficientes na manutenção do pH ótimo do rúmen porque apresentam menor densidade e, após ingeridas, tendem a permanecer próxima ao MAT ruminal. Contudo, podendo dispensar o uso de tamponantes e alcalinizantes. Em razão disso, apresentam melhor aproveitamento pelos animais com aumento da digestibilidade dos nutrientes.
Pelo fato da ração extrusada para ruminantes ser um produto relativamente novo, o uso de aditivos como é o caso dos ionóforos vem sendo comumente utilizados nas formulações de rações, trazendo não só benefícios no desempenho, como também, reduzindo a incidência de casos de acidose nos animais, por meio da manutenção do pH ruminal ótimo porque inibem o aumento da atividade de bactérias redutoras de pH ruminal.
É evidente que o conhecimento sobre manejo e nutrição dos animais, bem como as formas para minimizar os problemas ocasionados pela acidose ruminal, está ao alcance de todos, entretanto, o investimento em um bom manejo nutricional bem como garantir conforto aos animais é primordial para se alcançar alta produtividade sem comprometer a saúde do animal.
Forte abraço a todos!
Rosilene F. M. Mota
Zootecnista
CRMV-MG 2151
Fontes:
BeefPoint. 2002. Prevenção de acidose em dietas com grande quantidade de concentrado – tampões. Disponível em:<http://www.beefpoint.com.br/radares-tecnicos/nutricao/prevencao-de-acidose-em-dietas-com-grande-quantidade-de-concentrado-tampoes-4851/>. Acesso em: 26 de julho de 2016.
CARVALHO, R. F. Efeito da alga calcária e da monensina no controle da acidose de bovinos Nelore submetidos a mudança abrupta para dieta com elevada proporção de concentrado. 2014. 54 f. Tese (Mestrado em Qualidade e Produtividade Animal) – Engenharia de Biossistemas, Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2014.
Noronha-Filho, A. D. F. Acidose Rumenal Bovina. 2011. 57 f. Dissertação (Mestre em Patologia, Clínica e Cirurgia Animal) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2011.
OLIVEIRA, J. S.; ZANINE, A. M.; SANTOS, E. M. Diversidade microbiana no ecossistema ruminal. Revista Electrónica de Veterinária, v. 8, n. 6, 2007.
OLIVEIRA, M. V.; RIGO, J. E. Utilização de dietas com alto grão para terminação de animais de corte. Cadernos de Pós-Graduação da FAZU, v.3, 2012.
Reagro. 2005. Fisiologia digestiva e acidose ruminal em bovinos leiteiros (Parte I). Disponível em: <http://rehagro.com.br/plus/modulos/noticias/ler.php?cdnoticia=496>. Acesso em: 25 de julho de 2016.
SANTRA et a. (2002) apud. GASTALDELLO-JUNIOR, A. L.; PIRES, A. V.; SUSIN, I.; MENDES, C. Q.; FERREIRA, E. M.; MOURÃO, G. B. Desempenho e características de carcaça de cordeiros alimentados com dietas contendo alta proporção de concentrado adicionadas de agentes tamponantes. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39, n.3, p. 556-562, 2010.
STAPLES, C. R. Alimentação de vacas leiteiras sob estresse térmico. In: 13º Curso Novos Enfoques na Produção e Reprodução de Bovinos, 2009, Uberlândia. Anais…Uberlândia, 2009, p.42-58.
VAN SOEST, 1982 apud. OLIVEIRA, V. S.; SANTANA-NETO, J. A.; VALENÇA, R. L. Características químicas e fisiológicas da fermentação ruminal de bovinos em Pastejo – Revisão de Literatura. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária. n. 20, p. 21, Janeiro. 2013.