Se alguém me pergunta, o que é mais importante na pecuária hoje para se obter sucesso? É a raça? A Nutrição? As instalações? Equipe? Confesso que mesmo que tenhamos de apontar uma razão mais importante que outra veremos que no final, um aspecto desses não vem sozinho, vem ligado, é interdependente. Do contrário, ainda com nossa teimosia, se adotarmos um motivo desses para concentrar todos os esforços, os demais fatores cobrarão a sua conta lá na frente podendo inviabilizar todo o sistema. Mas, uma caraterística é muito pertinente e está presente em todas as fazendas de sucesso, independente do sistema de exploração, raça, nutrição ou instalação – a gestão.

Gerir bem certamente é uma exigência para o sucesso não somente na pecuária, mas em qualquer empreendimento de qualquer ramo ou atividade, e em qualquer parte do planeta. Gerir bem permite ao detentor do módulo de produção ou produtor identificar e diagnosticar os pontos falhos, os desafios, e qual caminho seguir para se atingir o nível ótimo da produção-produtividade. Neste caso, a gestão nos permitiu enxergar, o que considero, os Três Grandes Desafios da Pecuária no Brasil atualmente:

  • Social
  • Ambiental
  • Econômico

Na busca pela sustentabilidade (no meu conceito, aquilo que permanece ao logo de muito tempo ou gerações) do sistema de produção, seja qual for ele, de norte a sul do Brasil, a propriedade vem esbarrando nestes três obstáculos, independentemente do tamanho ou perfil de cada produtor.

Obstáculo Social

Há várias décadas, vemos as cidades cada vez atraindo mais e mais pessoas no mundo todo, hoje somos um país urbano mesmo figurando como um dos mais importantes players mundiais de produção agropecuária. Isso acarretou numa reduzidíssima oferta de mão-de-obra no campo com perfil e cultura para atuar nas fazendas, principalmente na pecuária. Vivemos o que chamo de “última geração” dessa mão-de-obra, onde o filho do ordenhador não pretende seguir a profissão do pai, sequer o vaqueiro conseguirá passar sua profissão para seu filho porque ele buscará no estudo o desenvolvimento intelectual que impulsionará oportunidades longe do campo. Isso não está errado! É um caminho que não tem volta. No médio e longo prazo o impacto disso é que a mão-de-obra no campo custará mais caro ao produtor pressionando seus custos, em contrapartida tende a se tornar mais especializada e acostumada a lidar com novas tecnologias que surgirão.

Obstáculo Ambiental

Novas fronteiras agropecuárias estão ficando cada vez mais raras com pouquíssimas áreas de abertura recente, onde sai a vegetação nativa e entra a pecuária ou agricultura. E, nas áreas já consolidadas há anos, há a criação de exigências mediante às novas legislações ambientais – reserva legal e APP’s. Em muitas de nossas propriedades a recomposição ambiental já é realidade sob penas que vão desde a perda de linhas de crédito à restrição de comercialização de produtos devido à não conformidade com a legislação ambiental. Literalmente a área útil das propriedades vai encolher. Isso, também, não está errado! Se estamos pensando em chegar no objetivo de sustentabilidade, a preservação ambiental é um dos trechos mais importantes desse caminho.

Obstáculo Econômico

Por fim, o obstáculo econômico que não é novidade para ninguém em nenhum negócio, é no mundo inteiro. Sempre haverá uma cultura ou atividade que vez ou outra colocará em xeque a manutenção da atividade estabelecida dada ao seu custo de oportunidade do módulo produtivo.  Trocando em miúdos, se você não gera riqueza igual ou maior à outra atividade terá duas alternativas – melhorar sua produtividade e com isso aumentar sua remuneração ao ponto que justifique a utilização da terra, ou abrir mão da terra para outra atividade que paga mais por ela (vender, arrendar ou mudar de atividade). Mudar de atividade eu vejo como o caminho mais tortuoso porque depende, fortemente, da cultura do produtor (boiadeiro x lavoureiro).

Tornando-se Resiliente  

Independente da intensidade do obstáculo, ou da percepção e estágio de cada produtor, neste caso em especial o pecuarista, é eminente a necessidade de produzir mais com menos, ou seja, avançar no campo da produtividade. Para isso são necessárias a adoção de novas tecnologias: genética de ponta, nutrição inovadora e de alta performance, manejo e equipamentos-instalações eficientes e modernos, sanidade rigorosamente em dia e uma equipe muito comprometida! Já dizia Charles Darwin: “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais rápido, mas o que melhor se adapta às mudanças”.

 

Forte abraço a todos!

 

Rodrigo Anselmo

Zootecnista

Depto. Técnico, P&D da Nutratta Nutrição Animal